sábado, 11 de setembro de 2010

I Fórum de Moda e Cultura na Cidade do Rio de Janeiro

No I Fórum de Moda e Cultura na Cidade do Rio de Janeiro, que ocorreu na última sexta-feira, dia 3 de setembro, na Câmara Municipal do Rio, discutiu-se o valor da moda para a cultura e a indústria, visando com que o setor, um dos que mais emprega no Brasil e gera o quarto maior PIB do país, no futuro possa ser definitivamente reconhecido e valorizado, recebendo incentivos do governo para seu crescimento e aperfeiçoamento tecnológico e profissionalizante.


Na primeira mesa do fórum, onde foi discutida a Identidade Cultural e a Moda na Atualidade, estavam presentes Celina de Farias, vice-presidente do Instituto Zuzu Angel e coordenadora do curso de Design de Moda IZA/Estácio; Lucia Rebello, professora do curso de Design de Moda IZA/Estácio e membro do conselho do IZA, representando Hildegard Angel, que infelizmente não pôde comparecer, por motivos pessoais; Fátima Negrann, idealizadora e realizadora do evento; Gabriela Leite, coordenadora da Daspu; e Paulo Messina, vereador que presidiu a mesa.


Dentro do tema Identidade Cultural e a Moda na Atualidade foram discutidos o Selo de Qualidade da Moda Brasileira, o Fundo da Moda e as Instituições de Ensino.
Celina de Farias e Lucia Rebello


Nossa vice-presidente, Celina de Farias, ressaltou que eventos como esse provam para a sociedade a importância da moda. Em seu discurso, Celina apoiou a existência de um produto nacional que tenha um selo de qualidade. Isto é, com a globalização e consequente massificação de tendências, o consumidor tem diversas opções de escolha na hora da compra e obviamente ele irá escolher aquilo que atenda às suas necessidades, sejam relacionadas a valores financeiros, sejam relacionadas a questões de gosto, design e qualidade. Mas com o tempo, o consumidor tem se tornado cada vez mais consciente e exigente, comprometido com o mundo em que vive. Devido a isso, surge a necessidade de um selo de qualidade da moda nacional.


“O selo de qualidade é a forma dada, sobre representação gráfica da certificação conferida, àqueles que inscreverem os seus projetos a avaliação de qualidade a ser conferida por especialistas no campo especifico ao qual se destina – no caso, ao produto de moda”


No entanto, o Brasil ainda está distante de um selo de qualidade que tenha uma identidade própria, nacional, com foco em moda. E para alcançarmos esse objetivo, é necessário capacitar nossos profissionais, ressaltando que nesta formação haja o comprometimento com a qualidade e a valorização da cultura brasileira. Além de capacitar profissionais na área, deve-se investir em tecnologia no setor. A tradição também deve unir-se à tecnologia para que possam crescer juntas. Mas este crescimento deve estar aliado à sustentabilidade e ao consumo consciente.

Gabriela Leite, da Daspu, ressaltou que na cidade do Rio de Janeiro quase não existem instituições que apóiem cooperativas de moda. A coordenadora da Daspu disse que penou muito para encontrar apoio para sua cooperativa e é a favor de que haja mais parcerias com universidades para que estas dêem apoio técnico e de ensino a artesãos e costureiros, assim como o Instituto Zuzu Angel o fez.

Lucia Rebello, professora do curso de Design de Moda do Instituto Zuzu Angel/Estácio, disse que só quando conseguirmos unir a diversidade da moda brasileira, sem preconceitos, é que chegaremos a algum lugar. Ressaltou que o campo de ensino e pesquisa no Rio de Janeiro não dispõe de verbas o suficiente, pois o ensino de moda é algo muito recente. É necessário que haja apoio para que cursos e faculdades possam crescer e evoluir.

Lucia ainda leu o texto que Hildegard Angel, presidente do Instituto Zuzu Angel, escreveu para o evento. O texto lembra que a identidade da moda brasileira já estava presente desde a década de 70 nas criações de sua mãe, Zuzu Angel. Hildegard disse que deve haver investimentos em novos talentos da moda nacional e que é a favor da existência de um fundo nacional da moda que possa subsidiar as necessidades desta. A moda brasileira e a moda carioca devem ser apoiadas, valorizando todo o hibridismo cultural que as compõe. Deve haver uma continua busca pela identidade da moda brasileira, por sua profissionalização e crescimento.

Fátima Negrann, dona da marca Empório Afro Moda e  organizadora do Fórum, disse que este evento é a grande oportunidade de dar um salto na indústria da moda e no seu fortalecimento como setor cultural.


Afonso Luz, representante do Ministério da Cultura, fez um discurso magnífico onde ressaltou que o Artesanato, a Moda, o Design, a Arquitetura e a Cultura Digital devem ser reconhecidos como setores importantes, estando presentes em uma agenda cultural prioritária para o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro. Citou que o Ministério da Cultura lançou uma nova versão do Fundo Nacional da Moda que está para ser aprovada junto com a reforma da Lei Rouanet . Afonso disse ainda que as classes c e d estão emergindo e consequentemente podem consumir mais, portanto é necessário repensar a democratização da moda. Citou a marca Havaianas como um bom exemplo dessa democratização: “Design brasileiro e simples que conquistou o mundo todo”. O secretário do MINC disse que daqui há 20 anos, por conta dos altos índices de densidade demográfica, a população jovem brasileira estará em plena atividade, consumindo e criando. Por isso, deve haver investimentos na área da moda desde já. É preciso reinventar as instituições de moda e profissionalizar o setor. O Brasil é que deverá exportar talentos e não precisar comprar talentos de fora. Mas para isso é necessário capacitar e investir em nossos talentos. A Copa do Mundo e as Olimpiadas que ocorrerão aqui são uma ótima oportunidade para “linkar” a Moda e a Cultura brasileira, mostrá-las para o mundo.
Afonso Luz


O vereador Paulo Messina ressaltou que o Rio de Janeiro não é uma cidade industrial, como muitos vem tentando transformá-la de tempos para cá. O Rio de Janeiro é uma cidade CULTURAL. E nada melhor do que investir na cultura e transformar nossa cidade por meio dela.

Luíz Fortunato, dono da marca Maison Fortunato e organizador do evento, disse: “Assim como a cultura está na moda. Chegou a hora da moda ser reconhecida como cultura.”

Eu Fátima Negrann dona da marca Empório Afro faço destas as minhas palavras e espero que o Fórum venha a contribuir a longo prazo para o crescimento do setor da moda brasileira.